domingo, 4 de dezembro de 2011

Sócrates, bom de bola e de cabeça

Por Altamiro Borges

O jogador Sócrates, bom de bola e de cabeça, faleceu hoje, às 4h30, no hospital Albert Einstein, em São Paulo, em decorrência de infecção generalizada. Aos 57 anos, ele não conseguiu resistir à terceira internação consecutiva neste ano. A sua morte entristece o Brasil.

Sócrates não era ídolo apenas da torcida do Corinthians. Além de ser reconhecido como um dos maiores craques do futebol brasileiro, ele era admirado por suas posições críticas e progressistas. Foi um dos líderes da “democracia corintiana”, que ajudou na luta contra a ditadura militar. Nos últimos tempos, era comentarista da TV Cultura e colunista do jornal Agora e da revista CartaCapital.

“Curtir lampejos de humanidade”

Sem papa na língua e com espírito inquieto, o craque Sócrates nunca se intimidou diante dos poderosos. Em recente entrevista à Folha, após sofrer sua primeira internação, ele não vacilou ao responder à provocação do jornalista:

Em toda essa impressionante onda de carinho que cercou você nesses dias, há também quem diga que de democrata você não tem nada porque deu o nome de Fidel ao seu caçula. É mais uma de suas contradições?

De fato, estou tirando muita coisa de positivo neste meu quase nascer de novo. Quanto ao Fidel Castro, símbolo da Revolução Cubana, como Che Guevara, as pessoas estão mal informadas. No nosso país se conhece muito pouco o que acontece fora daqui e mesmo aqui dentro. A estrutura política cubana é extremamente democrática. Eu queria que meu filho nascesse lá, eu queria ser um cubano.

Nós estivemos lá agora, fomos passear! Peguei minha mulher e fui lá, passear, curtir lampejos de humanidade. Um povo como aquele, numa ilhota, que há mais de 50 anos briga contra um império, só pode ser muito forte, e ditadura alguma faz um povo tão forte... Em Cuba, o povo participa de tudo, em cada quarteirão. E aqui? Pra quem você reclama? Você vota e não tem pra quem reclamar.

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O "doutor" Sócrates deixará saudades!

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