quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A classe média deixa de acreditar em Serra e decreta a sua derrota

Realmente é ingrata a vida dos políticos: José Serra e seus marqueteiros sabiam, desde o início, que tinham um pedreira pela frente. Precisavam encarar o lulismo e sua extrema popularidade junto aos setores pobres de população. A primeira tentativa foi aquela de “ser mas não ser”, ou seja, ser tucano sem ser anti-Lula. Ninguém entendeu nada e não deu certo.

A segunda tentativa quase ia dando certo, mas ele exagerou na dose e o mingau desandou. Tudo consistia em prometer tudo para todos: salário mínimo de 600 reais, 10% de aumento para aposentados, fortalecimento das estatais (!), proteção simultânea das matas e dos desmatadores. E o que mais coubesse na cabeça de um publicitário esperto.

A parte mais feia, foi quando ele resolveu surfar na onda do preconceito e do ódio religiosos, algo que jamais fora visto nestas terras abençoadas por Deus e que por cupidez e ignorância, quase foram transformadas numa Belfast tamanho família. Gente indigna.

Esqueçamos, por instantes, o Fenômeno Marina, com a promessa de que ainda falaremos dele. Por ora, vejamos no que deram as estratégias descritas acima. Deram em que, o pessoal da classe média superior, mesmo os mais renitentes adversários do lulismo (embora beneficiários do Governo Lula), percebeu que “Serra é ainda menos confiável que Dilma e capaz das baixarias mais insuportáveis”. Finalmente, descobriu-se que ele também tem o seu Paulo Preto escondido de baixo da cama.

O ricos abandonam Serra

Não pense que exagero amigo leitor. Dilma alcançou estes onze ou doze pontos de vantagem registrados ontem pelo e IBOPE e pelo Vox Populi, porque Serra se desmoralizou, perdeu credibilidade entre os eleitores de renda mais alta e instrução superior. E se olharmos por dentro da pesquisa CNT/Sensus, também de ontem, vamos ver que foi exatamente nesta faixa que Dilma cresceu nada menos que 18 pontos em uma semana, passando de amargos 15% para 33%, enquanto Serra, nesta mesma faixa, caiu de confortáveis 70%, para 54%.

Nas demais faixas, ambos permaneceram estáveis, com leve tendência de crescimento para Dilma, o que revela que o PT conseguiu sustar a tempo (e Deus sabe como) o fenômeno Evangélico ou Xiita. Nesse capitulo, a coisa ficou mais ou menos assim: Silas Malafaia, o inimigo número um dos gays, continuou com Serra. O Bispo Macedo (Universal) ficou com Dilma, por causa do Marcelo Crivela e otras cositas mas. E a terceira potência deste setor bilionário da fé, o missionário R.R. Macedo, parece estar neutro, mas piscando um olho para Dilma. O missionário R.R., aliás, é cunhado (casado com a irmã) do bispo Macedo.

Quanto à Marina, ela tem pouco o que dizer ou fazer agora. Seus votos já foram quase todos transferidos: a maioria, algo como 60%, foi para Serra, o que explica o crescimento deste na primeira semana do segundo turno. Perto de 30% foram para Dilma e os restantes 10% ainda pairam no ar. Porém, mesmo que todos eles pousassem no quintal do tucano, isso não seria suficiente para que ele eliminasse a vantagem de Dilma.

E quanto ao PV, a esta altura tanto faz para que lado ele venha a pender, porque a sigla atingiu o grau máximo de desmoralização. Desmoralização esta que teve inicio quando seus dois principais líderes, Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis arrendaram seu palanque no Rio e em boa parte do Brasil, exatamente em duas metades: uma para Serra, outra para Marina. Isto é algo inédito, mesmo em se tratando do Pais do Carnaval e dos Maluf.

A sensação que ficou é a de que o PV tem vocação para ser PMDB, mas ainda não adquiriu a prática.

http://fatosnovosnovasideias.wordpress.com/coisasdapolitica/

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