Por Daniel Thame
O que no domingo de Páscoa parecia ser o testemunho de uma ressurreição revelou-se uma espécie de suspiro de moribundo, aquela falsa sensação de recuperação que antecede a morte.
E o Itabuna morreu, ao menos no que tange à 1ª. Divisão do Campeonato Baiano.
Ainda no início de abril, encerra de forma melancólica o ano de 2010, condenado ao pântano da 2ª. Divisão em 2011.
Isso, justamente no ano do primeiro centenário da cidade que empresta o nome ao time.
O ano que poderia ser glorioso será lembrado como o ano vergonhoso do rebaixamento do clube azulino, que tem como símbolo um dragão, mas que há muito tempo não assusta ninguém, tantas foram as vezes nos últimos anosem que flertou com a queda ora consumada.
A esperança da glória centenária se resumiu aos dois primeiros jogos do campeonato, quando o Itabuna venceu o Atlético de Alagoinhas e o Vitória.
Em seguida, o que se viu foi uma sucessão de derrotas, uma penca de goleadas e o passaporte para o Quadrangular da Morte, onde a triste sina continuou, mesmo com vitórias de 4x0 sobre o Colo Colo e 3x0 sobre o Ipitanga.
Mas ai, a salvação já havia entrado para a categoria milagre.
E milagres, como se sabe, não costumam acontecer com tanta freqüência nos últimos dois mil anos, desde que um jovem galileu andou transformando água em vinho, multiplicando pão e vinho, fazendo coxos andarem, cegos enxergarem e até mortos retornarem ao mundo dos vivos.
Resultado: na chuvosa noite de quarta-feira, 7 de abril, no ano do Centenário, entre raios, trovões e relâmpagos (cenário ideal para um filme de terror), o Itabuna mergulhou para o abismo da 2ª. Divisão, aquela categoria futebolística quase mambembe, disputada por times marca bufa.
O torcedor, esse apaixonado que nunca abandona o time, está triste, os jogadores e a comissão técnica envergonhados e a diretoria sem conseguir explicar o inexplicável.
Se serve como consolo, não é o fim do mundo.
Muitos times, inclusive gigantes do futebol, renasceram após quedas para a 2ª. Divisão.
Pode ser o caso do Itabuna, caso aprenda as lições desse fracasso e corrija os muitos erros do acidentado percurso de 2010.
E que se aprenda, de uma vez por todos, que time de futebol não tem dono.
Ou melhor, tem sim: o torcedor.
CARANGUEJADA
Na bacia das almas, com uma derrota com sabor de vitória, o Colo Colo salvou o próprio pescoço e permanece na 1ª. Divisão.
Mas, precisa sofrer tanto?
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