“A negligência não pode ser culpa apenas da chuva. Recentemente, tivemos exemplo do descaso com a queda de dois postes de energia no centro de Salvador. A queda de um vitimou, inclusive, o condutor de veículo tipo Ranger que passava pelo local no momento da queda. Outro exemplo foi a queda de uma torre de transmissão na região sul do estado. Em todos os casos não havia chuva para justificar os incidentes”.
A afirmação foi feita nesta segunda-feira (12), pelo coordenador Geral do Sinergia (Sindicato dos Eletricitáios da Bahia, Raimundo Lucena, a propósito das explicações da Coelba sobre os apagões que vêm ocorrendo em Salvador desde a última quarta-feira. Para Lucena, a Coelba tenta justificar o caos, colocando a culpa na chuva e no aumento consequente das solicitações, o que dificulta a resolução dos problemas.
"Essa desculpa da Coelba não é totalmente verdadeira. É preciso lembrar que a empresa deixa de cumprir a sua atividade fim com o objetivo de ampliar o lucro, terceirizando os serviços e minimizando investimentos”, destaca Lucena. O sindicalista explica que os prejuízos que a população amarga é fruto do descaso da Coelba.
A Coelba não tem nenhuma fiscalização na Bahia. A concessionária deixou de ser fiscalizada desde 2007, quando a Aneel cortou um convênio que tinha com a Agerba. Por conta disso, a empresa passou a jogar solto e não recebe sequer multas quando comete falhas no atendimento ao consumidor. Hoje, porém, a Aneel não tem mais nenhum interesse em reativar o convênio com a Agerba, pois a agência estadual caiu no descrédito desde que passou a ser comandada pelo grupo do deputado federal Marcos Medrado (PDT).
Para Lucena, a Coelba deu recentemente o exemplo do descaso com a queda de dois postes de energia no centro de Salvador. A queda de um vitimou, inclusive, o condutor de veículo tipo Ranger que passava pelo local no momento da queda. "Outro exemplo foi a queda de uma torre de transmissão na região sul do estado. Em todos os casos não havia chuva para justificar os incidentes”, sustentou Lucena.
Somente em 2009, o sindicalista afirma que foram dezenas de denúncias feitas pelo Sinergia sobre falta de manutenção e ausência de investimentos. "É preciso, portanto, informar que as ações preventivas dão resultados, entretanto, a Coelba, depois da privatização, só corrige algum defeito nas redes quando a situação fica insustentável. Toda a manutenção preventiva tem um cronograma anual a ser cumprindo. Mas não é o que está acontecendo. Com a privatização, essas atividades deixaram de ser desempenhadas, e a conseqüência disso são os constantes apagões pelo estado, independente das chuvas”, afirma o diretor. Outro exemplo de descaso foi o que aconteceu, exatamente há um ano, no extremo sul da Bahia, onde mais de 68 mil pessoas ficaram sem luz, durante quase dois dias.
De acordo com a direção do Sinergia, a Coelba não possui mais turma própria de manutenção em linhas de transmissão. Com isso, as inspeções para detectar problemas na rede ficaram sob responsabilidade de empresas terceirizadas. “Estas empresas não têm qualificação adequada para realizar intervenções no sistema elétrico. Lamentavelmente, o lema é não fazer, para não gastar, afirma Raimundo Lucena.
Para o Sinergia, as reclamações contra a Coelba seriam bem menores, caso a empresa investisse na modernização das suas redes de distribuição e transmissão adotando, por exemplo, as chamadas redes multiplexada, space ou subterrânea. Estas redes ocupam menos espaço físico e possuem condutores isolados. Ou seja, em caso de contato da rede energizada com árvores ou outros agentes que provocam interrupção de energia durante as chuvas, o transtorno praticamente não aconteceria, já que a fuga de eletricidade é mínima. Curiosamente, estas redes só são utilizadas nas áreas mais nobres da cidade (Pituba, Ondina, Vitória, Itaigara, Caminho das árvores, etc). Já o subúrbio e outras áreas da periferia de Salvador, além do interior do estado, sofrem com a falta de investimentos que é claramente percebida nestas situações.
Atualmente, a Coelba possui cerca de 30 empresas de manutenção. Isso equivale, aproximadamente, a oito mil funcionários, divididos entre setor operacional e de manutenção. Essas empresas levam, em média, um ano prestando serviço e muitas nem chegam a cumprir o contrato. Durante a vigência, algumas deixam de honrar seus compromissos com fornecedores e trabalhadores e simplesmente desaparecem.
Ainda segundo o Sinergia, a terceirização dos serviços de energia elétrica não deu certo. Muitas empresas fora da Bahia estão retomando a contratação de pessoal próprio. E já há indicativos da Justiça em forçar a primarização dos serviços. Recentemente, a Coelba foi obrigada pelo MPT a regularizar as condições de trabalho dos funcionários das empresas terceirizadas. É preciso lembrar que por conta dessa situação centenas de trabalhadores já morreram ou foram mutilados por não possuírem conhecimento técnico necessário e aturem em condições degradantes.
do Jornal da Midia
Um comentário:
Este é o preço que pagamos pelas privatizações do PSDB/DEMO.
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