terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dona Lindú, Opinião...

Para quem, como eu, descende uma avó operária espanhola, por parte de mãe e, por parte de pai, de uma matriarca pernambucana, o filme Lula, filho do Brasil comove e faz chorar. Porque é a história de mulheres que não desistem, que lutam pelos filhos até não poder mais, que ensinam aos filhos a teimar. Mulheres que não aceitam que os filhos sejam excluídos.

Uma questão importante no filme é o peso da sorte e das circunstâncias na vida das pessoas. Se Jaime, o irmão mais velho, não tomasse a decisão de trocar o texto da carta que o pai enviou à mãe, onde Lula estaria, hoje? O Brasil teria um presidente de formação operária se a família não tivesse vindo para São Paulo, se ficasse num lugar onde o acesso à escola pública fosse praticamente impossível e não existisse o Senai?

Isso sem contar a decisão de Dona Lindu de pular o círculo de giz, sair da armadilha, partir com os filhos para longe do marido que batia neles e ia começar a bater nela. Outra coisa que me chamou a atenção: o peso do empreendedorismo na formação familiar. Muitas pessoas, erroneamente, consideram que empreendedorismo diz respeito apenas a empresas, plano de negócio, mundo do trabalho.

Empreendedorismo é caminho para transformar idéias em empresas, mas é também caminho para indivíduos, famílias, grupos. Algumas famílias, não sei por que, têm vários membros capazes de tomar iniciativas para sobreviver, realizar sonhos. Outras não têm nenhum.

Repito uma idéia que me é cara: numa sociedade como a nossa, a vida é sorte e circunstâncias. Porque não existe oferecimento generoso de oportunidades. Não é só porque os governates não fazem o suficiente. É por que nós temos uma cultura de exclusão, que não se guia pelo impulso solidário.

Alguns dirão que o filme é ufanista. Não sei. O efeito em mim foi aumentar o meu orgulho por ser brasileira. Reforçou também o meu orgulho das mulheres brasileiras que teimam em criar os filhos no trabalho, em manter os filhos unidos no esforço de sobreviver.

Eu diria que Dona Lindú era o máximo e que o talento do filho, hoje presidente do Brasil, foi mais influenciado pelo empreendedorismo dela do que por qualquer outra circunstância política.

Mas eu sou uma defensora ferrenha da importância da mãe no sucesso dos filhos. Da importância da atuação da mãe para a não exclusão dos filhos.

Além da história: a escolha e preparação do elenco de crianças está muito boa e Gloria Pires, como D.Lindú, e Rui Ricado Diaz como Lula estão muito bem.

Por Sonia Rodrigues

Um comentário:

Leôncio Conceição disse...

Muito bom seu blog...

Estou te seguindo, depois passa lá no meu!

Um abraço