Como fazia durante a ditadura militar, o Exército Brasileiro nega que tenha torturado índios no Alto Rio Negro. Sete militares armados com fuzis e pistolas, dia 27 de setembro de 2007, invadiram a comunidade Warirambé, em São Gabriel da Cachoeira (AM) e prenderam 12 jovens, alguns menores de idade. Eles foram levados para o 3º Pelotão Especial de Fronteira. No quartel os jovens indígenas foram obrigados a se deitar por duas horas sob a mira das armas voltadas para suas cabeças. Dois deles relataram que receberam chutes. Em seguida, foram colocados nus em uma jaula de ferro própria para prender onça. Ao longo da noite, os militares jogaram baldes de água gelada nas costa deles, três vezes. Ao amanhecer foram liberados.
O Ministério Público Federal investiga a denúncia de tortura contra índios praticadas pelos militares (um cabo, dois soldados, três sargentos e um tenente). O inquérito civil foi instaurado no dia 20 de outubro de 2008. A Folha de S. Paulo (27.11.08) divulgou tudo, inclusive a grotesca nota oficial do Comando Militar da Amazônia.
Não há razão para não acreditar nas denúncias da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), que representa 23 povos indígenas.
E há muitas razões para acreditar que os militares brasileiros torturaram os índios. A tortura faz parte do “modus operandi” do Exército Brasileiro. Na floresta ou na favela. Tanto assim que os arquivos das torturas, assassinatos e desaparecimentos de militantes da oposição à ditadura militar nunca foram abertos, por pressão dos generais. Os torturadores continuam no poder no Exército Brasileiro.
Seria cômica se não fosse trágica a nota oficial do Comando Militar da Amazônia negando a prática de “atos delituosos” de parte dos militares. Prender, torturar, chamar de “cachorro” e “porco” não são “atos delituosos” para os generais do Exército Brasileiro. São atos de bravura e patriotismo. Assim como na ditadura.
Com o Exército que temos é difícil dizer Tortura Nunca Mais.
Do Bahia de Fato
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