quarta-feira, 16 de junho de 2010

Rio Cachoeira agonizante

Por Jorge Barbosa de Jesus

Na semana passada o prefeito Nilton Azevedo assinou convênio com o Ministério das Cidades no valor de R$ 5 milhões de reais, com o objetivo de ampliar a oferta de água no município em 50%, no prazo de 120 dias, a captação passará dos 600 atuais, para 900 litros por segundo. Isso representa o atendimento de 90% da demanda de consumo que é estimada em mil litros por segundo.

Tudo bem,é obvio que o acesso a água tratada é um dos direitos do cidadão e um bem comum da humanidade, contudo, precisamos prezar o meio ambiente, senão por convicção, pelo menos por entendermos que apesar da nossa “racionalidade” continuamos humanos e habitando o planeta terra.

A reflexão diz respeito a situação do nosso Rio, vítima do desmatamento de suas nascentes e das Matas Ciliares e do esgoto de diversas cidades. Em Itabuna, com mais de 200 mil habitantes, todo o esgoto é despejado no rio, sem nenhum tratamento, quando as chuvas escasseiam, ele exala fétido odor que incomoda a todos. Agora imagine, a distribuição de água aumentará em 50%, isso significa que a emissão de esgotos também aumentará em cinqüenta por centro, sem nenhum tratamento. Estamos cometendo um crime e condenando o nosso Rio à morte.

Em tempo, antes de me classificarem como santuarista, romântico, ou louco, sempre na perspectiva clássica de desqualificar para depois destruir, reafirmo que o projeto é fundamental, o que eu cobro são obras na proporção de tratamento de esgoto e recuperação da vegetação que outrora margeava o Rio Cachoeira. Caso as devidas providências não sejam tomadas em tempo hábil, certamente num futuro não muito distante, o nosso Rio tão decantado pelo poeta Telmo Padilha, não passará de um Ribeiro Lava-pés, hoje conhecido como canal da Amélia Amado, sujo e podre como qualquer cadáver ao leu.
*Jorge Barbosa de Jesus – Presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna

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