quarta-feira, 16 de junho de 2010

No limite da mediocridade e o limite da realidade do trabalhador

Por Valter Moraes

Fico ponderando com a realidade intrínseca dos trabalhadores, nas programações que se apresentam na imprensa midiática e me preocupo analiticamente, com as condições em que está sendo jogado o senso comum na vida das pessoas.

É de abismar o envolvimento dos telespectadores (trabalhadores), absorvidos cotidianamente pela curiosidade e de forma subliminar, voltados para a assistência às programações que basicamente tem como objeto a diversão ou passa tempo, sem nenhum compromisso com a cultura ou a cognição do povo que possa satisfazer suas carências de formação e informação para se chegar a um ponto mínimo de consciência política para entendermos um pouco sobre “O Mito da Caverna” (Platão).

Sem esta consciência ou reflexão voltada para a interpretação do seu papel, enquanto cidadão trabalhador e ser político, eles simplesmente absorvem o fetichismo impregnado nas programações transmitidas, se desviando da realidade de sua própria vida, da necessidade de equidade entre os povos e da sociedade em que vive, servindo de público alvo para a despolitização e alienação dos propósitos da estrutura e superestrutura montada pelos dominadores capitalistas aos seus telespectadores.

Quando nos colocamos como telespectadores, assumimos o papel da elite em detrimento da realidade que se apresenta no vídeo, mascarando a realidade do dia a dia da luta de classes dos trabalhadores, no papel constrangedor de trabalhador cego e mudo vivendo o personagem que não discorda em nada das proposições apresentadas pelas empresas, como: insalubridade; assédio moral pelos gestores, como a pressão para superar as malditas cotas com o objetivo de gerar mais lucro para o capital e etc.

A luta árdua e heróica por reajuste salarial, garantia de emprego, dignidade, inclusive dos que não faz greve, fazendo papel de “morcego”, chupando o sangue dos grevistas para doar ao capital, não arrefece a luta por melhores condições de trabalho; pela redução da jornada de trabalho; por mais trabalhadores nas empresas; pela distribuição da renda que produzimos e cinicamente são rateados entre os acionistas, diretores, superintendentes. Isso é capitalismo na sua origem literal, perversa, prostituta, marginal e acabada do século XIX.

O programa de entretenimento “no limite”, apresentado pela emissora de televisão, mostra a disputa desleal em que o trabalhador é submetido pela exploração capitalista, da concorrência imputada sob suas responsabilidades, acoitado pelas metas abusivas e a supervisão de gestores na maioria das vezes insensíveis ao diálogo, impondo o autoritarismo das metas como se os meios justificassem os fins, sem a preocupação mais salutar que é a saúde psíquica e física do trabalhador, e do próprio trabalho empobrecido pela ganância de grupos que se apropriam do capital.


Nas greves somos agredidos por “gestores” (inspetor?) incentivando a segregação dos trabalhadores, em mais uma atitude imprópria e desrespeitosa, próprio de capataz, subalterno aos ditames do capital e sem nenhuma consciência de classe e de maturidade trabalhista em pleno século XXI.

Mas é a lógica da exploração para acumulação de riqueza do capitalismo que continua primária, dentro da sua ideologia de dominação e exploração das condições físicas e psíquicas dos trabalhadores, roubando sua consciência de classe, fetichizando-o com o engodo de “quem trabalha produz riqueza”, (para quem?). É obvio que o trabalho produz riqueza e instrumentaliza ou capacita o cidadão para a produção, mas onde fica a distribuição desta riqueza se não com o dono do capital que avidamente espera pelos resultados grandiosos para comemorar com seus acionistas.

Mas fica a resposta dos trabalhadores para uma reflexão apurada dos gestores, se for possível e capaz de enxergar o outro lado da moeda, a face estampada do trabalhador revolucionário e consciente dos seus direitos e deveres, voltados para superar e combater o autoritarismo de algumas empresas que tem no gestor o símbolo da estupidez e insensatez, próprio do caráter do capitalismo.

Um comentário:

Erlon Andrade disse...

A realidade é que precisamos sair do nosso mundinho de inércia.