quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

RIO CACHOEIRA AGONIZANTE

Jorge Barbosa
Por Jorge Barbosa*

Recentemente o prefeito Nilton Azevedo assinou convênio com o Ministério das Cidades no valor de R$ 5 milhões de reais, com o objetivo de ampliar a oferta de água no município em 50%, no prazo de 120 dias, a captação passará dos 600 atuais, para 900 litros por segundo. Isso representa o atendimento de 90% da demanda de consumo que é estimada em mil litros por segundo.

É obvio que o acesso a água tratada é um dos direitos do cidadão e um bem comum da humanidade, contudo, precisamos prezar o meio ambiente, se não por convicção, pelo menos por entendermos que apesar da nossa “racionalidade” continuamos humanos e habitando o planeta terra. Noutras palavras, Marx já alertava no século XIX que “o homem precisa se conciliar com a natureza”.

A reflexão diz respeito a situação do nosso Rio, vítima do desmatamento de suas nascentes e das matas ciliares e do esgoto de diversas cidades. Em Itabuna, com mais de 200 mil habitantes, todo o esgoto é despejado no rio, sem nenhum tratamento, quando as chuvas escasseiam, ele exala fétido odor que incomoda a todos. Agora imagine, a distribuição de água aumentará em 50%, isso significa que a emissão de esgotos também crescerá na mesma proporção, sem nenhum tratamento. Estamos cometendo um crime e condenando o nosso Rio à morte.

Vejo como uma boa iniciativa o Projeto Baronesa de iniciativa da Prefeitura municipal de Itabuna e coordenado pelo engenheiro agrônomo Agamenon de Almeida Farias, é um passo na limpeza do rio, contudo se o projeto de despoluição da Bacia do Cachoeira, envolvendo todos os municípios e sobretudo Itabuna no tratamento do esgoto e demais medidas necessárias a sua revitalização, outras providencias serão apenas paliativas.

Caso as devidas ações não sejam tomadas em tempo hábil, certamente num futuro não muito distante, o nosso Rio tão decantado pelo poeta Telmo Padilha, não passará de mais um Ribeiro Lava-Pés, hoje conhecido apenas como canal da Amélia Amado, sujo e podre como qualquer cadáver ao léu.

*Jorge Barbosa de Jesus – Presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna

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