sexta-feira, 18 de novembro de 2011

NADA ALÉM DE INFANTILIDADE

Chamar uma mulher de chimpanzé doido me lembra aquelas patéticas discussões de crianças de quatro anos de idade.


Professor Marcos Peres, na boa, não estou certo se o senhor é preconceituoso, mas é sem dúvida alguma um sujeito que não pensa no que diz. Tudo bem, este é um tempo – felizmente – de liberdade de expressão, em que somos livres para manifestar nossas opiniões, muito embora devamos saber que há um preço a ser pago quando se ultrapassa o limite do direito, respeito e sentimento alheios.
O professor tem todo direito de não gostar de arrocha e axé, e devo admitir que esses dois estilos também não tocam aqui em casa. Concordo que boa parte das músicas que fazem a cabeça da galera colocam a mulher abaixo do chão, mas comparar as beldades a chimpanzés doidos não foi uma ideia das mais felizes e inteligentes. Depois, para escapar do vexame, recorrer ao xamanismo e outras saídas pela tangente… Não cola.

O senhor faz parte do corpo docente de uma universidade pública, milita com as ciências humanas e deveria ser mais tolerante com as diferenças. No mínimo, o professor deveria ser mais prudente com as palavras… Em vez disso, sendo um paulista, fez um ataque duro às mulheres baianas e nordestinas.

Escutei hoje numa rádio de Ilhéus o comentário de um ouvinte que afirmou concordar com o senhor, mas só pela metade. Ele também desaprova as músicas depreciativas, mas considera que o mestre extrapolou ou se empolgou, talvez com os freios do bom senso adormecidos pela facilidade e informalidade que nos inspiram – e às vezes no traem – no Facebook.

Soube que estão fazendo fila nos corredores da faculdade e tem gente se amontoando em frente à sala onde o senhor leciona. Não se preocupe com ataques xenofóbicos porque baiano sempre tratou paulista com a maior fidalguia, muito embora a recíproca nem sempre tenha ocorrido. A turma que curte um fuá está só de calundu, mas isso passa.
Para finalizar, uma reminiscência: chamar uma mulher de chimpanzé doido me lembra aquelas patéticas discussões de crianças de quatro anos de idade, quando uma chama a outra de algo como “cara de lagartixa” e a outra responde “e você, seu cabeça de caramujo”… Ou “seu chimpanzé doido”, sei lá…

Certo é que para uma criança algo assim é inofensivo e no máximo engraçado. Para um professor universitário, não passa de infantilidade.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA.

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