Chamar uma mulher de chimpanzé doido me lembra aquelas patéticas discussões de crianças de quatro anos de idade.
Professor Marcos Peres, na boa, não estou certo se o senhor é preconceituoso, mas é sem dúvida alguma um sujeito que não pensa no que diz. Tudo bem, este é um tempo – felizmente – de liberdade de expressão, em que somos livres para manifestar nossas opiniões, muito embora devamos saber que há um preço a ser pago quando se ultrapassa o limite do direito, respeito e sentimento alheios.
O professor tem todo direito de não gostar de arrocha e axé, e devo admitir que esses dois estilos também não tocam aqui em casa. Concordo que boa parte das músicas que fazem a cabeça da galera colocam a mulher abaixo do chão, mas comparar as beldades a chimpanzés doidos não foi uma ideia das mais felizes e inteligentes. Depois, para escapar do vexame, recorrer ao xamanismo e outras saídas pela tangente… Não cola.
O senhor faz parte do corpo docente de uma universidade pública, milita com as ciências humanas e deveria ser mais tolerante com as diferenças. No mínimo, o professor deveria ser mais prudente com as palavras… Em vez disso, sendo um paulista, fez um ataque duro às mulheres baianas e nordestinas.
Escutei hoje numa rádio de Ilhéus o comentário de um ouvinte que afirmou concordar com o senhor, mas só pela metade. Ele também desaprova as músicas depreciativas, mas considera que o mestre extrapolou ou se empolgou, talvez com os freios do bom senso adormecidos pela facilidade e informalidade que nos inspiram – e às vezes no traem – no Facebook.
Soube que estão fazendo fila nos corredores da faculdade e tem gente se amontoando em frente à sala onde o senhor leciona. Não se preocupe com ataques xenofóbicos porque baiano sempre tratou paulista com a maior fidalguia, muito embora a recíproca nem sempre tenha ocorrido. A turma que curte um fuá está só de calundu, mas isso passa.
Para finalizar, uma reminiscência: chamar uma mulher de chimpanzé doido me lembra aquelas patéticas discussões de crianças de quatro anos de idade, quando uma chama a outra de algo como “cara de lagartixa” e a outra responde “e você, seu cabeça de caramujo”… Ou “seu chimpanzé doido”, sei lá…
Certo é que para uma criança algo assim é inofensivo e no máximo engraçado. Para um professor universitário, não passa de infantilidade.
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário