quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Falta derrubar o intransponível Muro da Desigualdade


Celebram-se nesta semana os vinte anos da derrubada do Muro de Berlim, um dos atos de maior simbolismo na história do século XX, marcado por duas guerras mundiais e a divisão do planeta pelas duas superpotências: os Estados Unidos, ícone do capitalismo, e a União Soviética, farol do comunismo.

Dito de maneira simplista, pode parecer que a derrubada do Muro de Berlim e, numa espécie de efeito dominó, a derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu, significaram a vitória da liberdade sobre a opressão.

Ou, o triunfo inquestionável do capitalismo sobre o comunismo.

Mas, as coisas não podem nem devem ser analisadas por uma ótica tão simplista assim, num tema de tamanha complexidade e com implicações sobre a vida de bilhões de pessoas.

É fato que, a despeito dos inegáveis avanços na universalização do acesso à saúde e à educação, os regimes comunistas desvirtuaram os ideais de Karl Marx, transformando-se em países regidos pela extrema burocracia e pela supressão quase total das liberdades individuais.

Impuseram-se pelo medo e pelo controle da vida das pessoas, quando deveriam se impor através de um processo onde imperassem a igualdade, a solidariedade e a justiça social.

Mas, daí a dizer que o capitalismo triunfou pelos próprios méritos vai uma distância muito grande.

Afinal, se o ´deus mercado´ produziu riquezas e avanços tecnológicos, também gerou um mundo de terríveis desigualdades sociais e ampliou ainda mais o imenso fosso que separa os pouquíssimos muito ricos dos bilhões de muito pobres.

Transformou a exclusão social numa catástrofe de dimensões bíblicas, limitando o bem-estar social a umas poucas nações e gerando países, como o Brasil, com ilhotas de desenvolvimento em meio a bolsões de miséria.

É mais correto, portanto, dizer que foi o comunismo, pela maneira como implantado, quem perdeu, do que afirmar de forma peremptória que foi o capitalismo quem venceu.

Não faz sentido comemorar derrota de um sistema que suprimiu a liberdade e implantou estados-policiais para outro que concede liberdade (está aí uma questão bastante subjetiva), mas não oferece oportunidades iguais para todos e impõe barreiras comerciais e cerca fronteiras que impedem o acesso de produtos e populações dos países pobres e/ou em desenvolvimento às nações ricas e desenvolvidas.

Barreiras invisíveis ou mesmo verdadeiras, como as que os Estados Unidos colocaram na fronteira com o México, para impedir a presença dos hermanos e irmãos que habitam o lado de baixo do continente americano.



Mais do que celebrar a queda do Muro de Berlim ou a suposta vitória do capitalismo sobre o comunismo, é preciso derrubar o intransponível Muro da Desigualdade e construir um novo mundo, sem a exploração do homem pelo homem, sem opressão e sem exclusão.

Pode parecer utopia, mas o que seria de nós se não fosse essa nossa capacidade de sonhar.

E a nossa força, não raro subestimada, para transformar sonho em realidade.

Sim, é possível!


Por Daniel Thame 

3 comentários:

Rosana Madjarof disse...

Rick,

Excelente artigo.

Em um dos artigos que publiquei, escrevi o seguinte:

Sonhar com um mundo de iguais: fraterno e livre. Sonhar com um mundo sem religiões em que os homens vivam apenas para o dia de hoje. Sonhar com um mundo sem patrões, sem governos, sem ricos nem pobres. Sonhar com a Utopia de Thomas Moore, com a República de Platão, com o Socialismo de Karl Marx. Sonhar com a Era de Aquários que acabou nunca acontecendo. Sonhar com um mundo completamente diferente do competitivo mundo do século 21. Sonhar, sonhar sempre!

Continuemos, pois, a sonhar. Quem sabe, um dia, conseguiremos idealizar e, acima de tudo, concretizar uma sociedade perfeita. Uma célula fraterna, gerida por um núcleo de notáveis escolhidos entre os mais sábios e mais magnânimos. Uma sociedade que funcione com uma única célula, sempre em prol do bem comum.

Acredito que seja bem isso que a queda do muro de Berlim representa em nossas vidas.

Bjs.

Rosana.

Unknown disse...

Tem coisas que são marcos ... o Muro de Berlin foi um deles ... ele só caiu porque um dia foi construido, e a queda foi a marca que vai ficar e não a construção em si ... e isto se aplica também as idéias ...

Catarina disse...

Oi, adicionei o seu perfil do dihitt.
Se quiser tambem pode visitar o meu blog http.//ianaheart.blogspot.com