terça-feira, 14 de abril de 2009

Estudante vai à Justiça após perder vaga de cota para negros em universidade

Tatiana Oliveira, que cursava pedagogia na UFSM, se declara parda.UFSM diz que ela não preenche condições para cota de afrobrasileiro


Tatiana Oliveira, que se declara parda,
é filha de mãe branca e pai pardo
(Foto: Arquivo Pessoal)

A estudante Tatiana Oliveira, de 22 anos, que ingressou neste ano no curso de pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) por meio de programa de vagas destinadas a afrodescendentes, teve sua matrícula cancelada na semana passada, um mês após o início das aulas. Uma comissão da universidade deu um parecer de que ela não preenche as condições exigidas pelo programa de cotas.

“Fiz o que o edital pedia: uma declaração de próprio punho de que sou descendente de afrobrasileiro. Eu sou parda. Não agi de má-fé”, afirma ela, cuja mãe é branca e o pai, pardo. Marli Dalchum, advogada da estudante, diz que na próxima terça-feira (14) vai ingressar com ação na Justiça Federal, com pedido de liminar, para que Tatiana retorne imediatamente a assistir aulas na UFSM.

De acordo com o pró-reitor de graduação da universidade, Jorge Luiz da Cunha, todas as matrículas feitas por meio dos programas de cotas são revisadas com cuidado. No caso das 220 vagas (11% do total oferecido no vestibular) para afrobrasileiros, o estudante é submetido a uma entrevista, com a presença de representantes de movimentos negros, em que são feitas três perguntas: se ele se considera afrobrasileiro; se já foi discriminado por pertencer a esse grupo e em que outras vezes o estudante se reconheceu como preto ou pardo.

De acordo com Tatiana, o parecer diz que “a candidata se autodeclarou parda sem, entretanto, saber explicar o porquê de tal declaração, reconhecendo-se mais clara que alguns de seus colegas e familiares”. Segundo o pró-reitor de graduação da UFSM, na entrevista, a estudante afirmou que a primeira vez que ela se reconheceu como parda foi no vestibular. Tatiana também relatou nunca ter sofrido preconceito relacionado à sua cor.

“Não é uma questão genealógica. (A vaga) é para afrobrasileiro, para aqueles que se consideram discriminados ou têm dificuldade de acesso à escola”, diz Jorge Cunha, acrescentando que, neste ano, 22 matrículas dos programas de cotas, para estudantes de escola pública, deficientes e afrodescendentes, foram canceladas.

A advogada de Tatiana rebate: “Ela reside numa das vilas mais pobres de Santa Maria, a mãe dela está desempregada. Ela não apresenta condições socioeconômicas. A avó dela é descendente de escravos”. Tatiana tem esperanças de reaver a vaga. “Vamos entrar com a liminar na Justiça o quanto antes porque estou perdendo aula”, lamentou a estudante.

do G1

Um comentário:

Comunicação Fora do Ar disse...

Bom dia. Desculpe invadir o seu espaço desta forma. Peço um minuto da sua atenção para falar a você os últimos acontecimentos sobre a problemática que os alunos do curso de Comunicação Social da UESC têm enfentado.

Hoje, 14 de abril, os alunos do curso de comunicação social da UESC, saíram em viagem à Salvador afim de se reunirem com o secretário de educação do governo do estado da Bahia, Adeum Sauer. Às 7:00h saiu da Universidade um ônibus com 25 alunos em média. A reunião será às 14:00h e se estenderá até às 18:30h, horário de retorno dos estudantes. Em assembléia estudantil no dia 08 foram escolhidos os representantes do curso que buscam solucionar o problema que coloca 13 disciplinas em risco de serem canceladas, atrasando o curso em um semestre (no mínimo): a falta de técnicos que torna possível a realização das disciplinas práticas do curso relacionadas à áudio e vídeo. Considerando que o curso de comunicação social da UESC possui sua habilitação em rádio e TV, percebe-se que a falta de técnicos inviabiliza o curso. Contamos com seu apoio para divulgar a situação que o curso tem enfrentado. Segue um texto que explicam melhor o que tem acontecido até este momento e em anexo uma carta aberta. Agradecemos.

Respeitosamente

Comissão de Comunicação do movimento "Comunicação Fora do Ar"

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Curso de Comunicação da UESC

pode parar por falta de técnicos



O curso de Comunicação Social da UESC corre o risco de ter o semestre cancelado por conta da ausência de técnicos. O problema foi sinalizado para a administração da universidade desde o ano passado pelo colegiado do curso. A ausência dos técnicos em áudio e vídeo inviabiliza as matérias práticas, ao todo treze disciplinas distribuídas entre o segundo e sétimo semestre.

No dia 07 deste mês, mais de 200 alunos do curso realizaram uma passeata pela Universidade reivindicando da reitoria soluções para o problema. O protesto teve seu destino final o sexto andar da torre administrativa, onde fica a reitoria. Lá os estudantes fizeram um apitasso e bradaram pela presença do reitor. A vice-reitora Adélia Pinheiro disponibilizou o auditório para que os alunos pudessem se reunir com ela até que o reitor chegasse e pudesse falar melhor sobre a situação do curso. Durante a assembléia, o reitor da UESC Joaquim Bastos chegou e após explicar a situação e ouvir os alunos, marcou para o próximo dia 14 em Salvador uma reunião com estudantes e o secretário de educação do governo do estado da Bahia, Adeum Sauer, para solucionar o problema.

Segundo o reitor, a contratação de técnicos e funcionários é um problema generalizado dentro da instituição. “Não é só o curso de Comunicação que enfrenta esta dificuldade, e sim todos os laboratórios e estrutura administrativa”, diz Joaquim. No esclarecimento dado na reunião com os estudantes nesta tarde (7) o reitor explicou que o problema começou quando o Tribunal de Contas da União, em sua auditoria anual em 2008, considerou uma falta com a lei de responsabilidade fiscal as contratações temporárias.

Esta medida do TCU já havia sido informada há cinco anos, como uma norma que todas as instituições públicas e autarquias deveriam se preparar para cumprir. Impossibilitados de realizar contratações temporárias sobre os termos de inexigibilidade a universidade, segundo Joaquim, solicitou a contratação destes técnicos ao governo do estado da Bahia desde 2007 e até então não houve a autorização necessária do governo para iniciar o processo de abertura de editais e seleção. “A verba de um milhão e quinhentos já foi enviada para a secretaria de planejamento e eles já remanejaram para a secretaria de educação, impossibilitando o resgate deste dinheiro, mas a autorização final para a contratação ainda não saiu”, disse o reitor.

Durante a reunião Joaquim telefonou para o secretário de educação do estado, Adeum Sauer, e o colocou para falar diretamente com uma representante dos estudantes. A conversa resultou no agendamento de uma audiência para o dia quinze a fim de encontrar uma alternativa para não prejudicar mais de duzentos estudantes.

O colegiado do curso decidiu por unanimidade que o conteúdo teórico das matérias em risco já está em seu limite e deram até o dia dezesseis desse mês para que a situação se regularize, do contrário todas as treze matérias envolvidas serão canceladas. Os estudantes pedem o apoio da sociedade civil organizada, imprensa e promotoria pública para recorrer a uma contratação emergencial de técnicos e prometem permanecer mobilizados até obterem uma solução definitiva.

csforadoar@gmail.com