O presidente Lula desmontou mais uma armadilha ao aprovar o reajuste de 7,7% para os aposentados. O governo tinha proposto um índice menor, de 6,14%, mas o Congresso elevou com empenho e voto da oposição. O objetivo da medida estava claro. Levar Lula a vetar o aumento e deixá-lo em má situação com os aposentados.
A oposição queria passar à Lula o ônus do veto para atacá-lo depois. Se ele viesse, os jornais contribuiriam com manchetes o acusando de frustrar os aposentados. Talvez fosse mais uma tentativa de igualá-lo a Fernando Henrique Cardoso, que chamou os aposentados de vagabundos.
Mas Lula aprovou o reajuste de 7,7% contra a vontade da área econômica do governo e desmontou o golpe armado. A oposição não poderia atacá-lo mais, já que defendeu o aumento. Sobrou para a mídia o papel de oposição, já proclamado pela presidente da Associação Nacional dos Jornais, de classificar a decisão de demagogia e fruto de interesses do ano eleitoral.
O que a oposição e a mídia parecem ainda não ter entendido é que Lula é um estrategista. Ele adiou sua decisão ao máximo para estudar a situação e ver como administrá-la. Ao aprovar o aumento, não falou em rombo na Previdência ou impacto nas contas públicas. Disse que os aposentados vão consumir mais e as contas serão reforçadas pelos impostos decorrentes deste consumo.
Outra armadilha aprontada para Lula está na questão dos royalties do petróleo. Os deputados aprovaram uma emenda irresponsável, que em nome de uma distribuição igualitária dos royalties prejudica os estados produtores e sobrecarrega a União, a quem caberia reparar as perdas desses estados.
Mais uma vez, o governo já tinha apresentado uma proposta que distribui os royalties por todos os entes da Federação sem prejudicar os estados produtores. Mas o Congresso ignorou e criou uma nova situação limite. Pior, aproveitou um debate sobre o controle do pré-sal para aprovar uma emenda que não se sustenta nem juridicamente.
Neste caso, Lula poderá até pelo veto sem temores eleitorais, pois não encerrará a questão. Pelo contrário, deverá levar o debate para depois do período eleitoral, quando os interesses imediatos nem sempre preponderam e decisões mais comprometidas com o país têm chances de serem consideradas adequadamente.
Direto da Redação
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