Mais da metade (56,6%) dos municípios baianos está deixando de cumprir a parte que lhe cabe no trabalho de prevenção à dengue. Das 417 cidades do Estado, 236 não atingiram o mínimo exigido pelo Ministério da Saúde (MS), que é de realizar visitas em 80% dos domicílios nos três primeiros ciclos (cada ciclo tem dois meses), principal ferramenta no combate à doença.
Os números acendem o sinal de alerta para o risco de se repetir em 2010 o que acontece este ano, com a Bahia registrando recorde histórico de casos de dengue e ocupando a liderança de ocorrências no Brasil. De janeiro a agosto, 103.788 casos foram confirmados, sendo 1.028 de formas graves que resultaram em 60 mortes, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
De acordo com a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Sesab (Divep), os dados do primeiro semestre deste ano, que têm como base os relatórios dos agentes municipais, mostram que, em 32 municípios (7,7%), menos da metade dos domicílios foi visitada. Setenta e nove cidades baianas (18,9%) sequer enviaram os relatórios de visitas.
Sob o argumento de “evitar atritos”, a Sesab não informa nem quais os municípios que deixaram de apresentar relatórios nem os que compõem os 56,6% que não cumpriram as visitas a domicílios.
A epidemiologista e pesquisadora Glória Teixeira, diretora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba), explica que agentes de combate às endemias de todos os municípios têm obrigação de, a cada 60 dias, visitar todos os domicílios. O Estado deve fiscalizar. “Esta é praticamente a única ação de prevenção e combate, já que não dispomos de vacina nem drogas antivirais”, alerta a especialista.
Como em 2008 - “É uma situação preocupante. Sempre que não se cumpre o percentual mínimo, há efeito imediato”, diz a coordenadora do Comitê Estadual de Mobilização e Combate à Dengue, Jesuína Castro. Ela lembra que os números elevados da doença este ano refletem o fato de que, em 2008, 51% dos municípios não cumpriram 90% dos ciclos de visitas, percentual que defende como mais adequado.
Os casos confirmados de dengue na Bahia, este ano, representam aumento de 204% em relação ao mesmo período de 2008 (34.125). As notificações, por semana, vêm reduzindo desde abril, entretanto trata-se de um período historicamente de retração.
O aumento se explica, de acordo com a diretora da Vigilância Sanitária da Sesab, Alcina Andrade, pela ausência de imunidade do público juvenil ao sorotipo 2 do vírus, que esteve presente nas primeiras epidemias, a partir de 1996. “Ele voltou a circular, atingindo principalmente os menores de 14 anos”, diz. Das 60 mortes confirmadas no Estado este ano, 48% (29) foram de menores de 15 anos.
Informações do A Tarde on Line
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