terça-feira, 1 de setembro de 2009

Encontros, Desencontros, 2010

Por Daniel Thame

Afinal de contas, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, teve ou não teve uma reunião a portas fechadas com a ministra Dilma Roussef, em que a pré-candidata a presidenta da república pelo PT teria pedido, de forma enviesada, para que uma apuração contra a família Sarney fosse amaciada?

Durante semanas, o encontro que Lina jura ter havido e Dilma garante nunca ter existido, esse tema ocupou o centro do noticiário nacional, ganhou incontáveis minutos no Jornal Nacional, da Rede Globo, além de generosos espaços nos principais jornais e revistas do país.

O cidadão médio, mesmo sem entender direito o que estava ocorrendo, ficou com a impressão de que Dilma havia cometido um delito da maior gravidade, ainda mais que nele estava embutido o sobrenome Sarney, este sim plenamente reconhecido como o que há de pior na política brasileira.

Por associação, se Dilma tem alguma ligação com Sarney é porque na tal reunião cuja existência até agora ninguém provou ter existido, alguma coisa errada a ministra propôs.

Uma exposição negativa de quase um mês nos veículos de comunicação não é pouca coisa, principalmente se for levado em conta que estamos há menos de um ano do início da campanha presidencial e que Dilma é a única ameaça concreta ao governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, que parece gozar da preferência dos donos da chamada grande mídia.

E o que está ocorrendo?

Passado o foguetório, a pirotecnia, começam a surgir indícios de que a história contada por Lina Vieira, que serviu de combustível para alimentar o fogaréu contra Dilma, pode mesmo não ser verdadeira, como aliás tem insistido a ministra desde o inicio, sem que tenham lhe dado, ao menos, o benefício da dúvida.

E o que vai ocorrer?

Num passe de mágica, feito o estrago desejado, o assunto vai perder importância até desaparecer do noticiário, sem que se faça o necessário reparo aos estragos causados à imagem da ministra.

Mas, quem é que está interessado em reparar estragos se o interesse foi justamente atingir a eventual candidatura de Dilma, mesmo que à custa de uma história em que não há uma prova cabal que a sustente?

Não foi a primeira e nem será a última vez que se recorre a um “factóide”, que se dá uma dimensão infinitamente superior ao fato em si, com o objetivo de influenciar a opinião pública.

Muitos ainda devem se lembrar do “Escândalo do Dossiê”, em que a exibição das fotos de uma aparente montanha de dinheiro às vésperas do 1º. turno das eleições presidenciais, após uma semana de exploração de um tema menor, levou o pleito ao 2º. turno, onde ao contrário do desejado pelos senhores da mídia, não houve manipulação que impedisse o massacre de Lula sobre Alckmin.

Sinal de que o povo pode até assimilar certas práticas, incluindo o lamaçal da política, como normal (o que é lamentável, frise-se), mas não é bobo.

No frigir dos ovos, o imbróglio Dilma Roussef-Lina Vieira é mais um exemplo midiático da célebre Batalha de Itararé, aquela que não houve.

Haverá outras.

Não deu certo em 2002, falhou de novo em 2006.

Entre encontros e desencontros, o foco agora é 2010.

O jogo é bruto, senhoras e senhores!

Um comentário:

Debora Martins disse...

Olá Ricky, tudo bem?
Agora também sou sua seguidora.
Parabéns pelo blog.
Beijos