domingo, 10 de outubro de 2010

A Consciência e a Greve

Por Valter Moraes

Enquanto realidade humana existe uma distinção entre o homem e o trabalho. Este exige a necessidade de sobreviver e construir para uma vida digna e feliz da humanidade sendo necessário, enquanto ser cognoscitivo, a conscientização da condição humana degenerativa em sua natureza física e crescente quando voltada para a consciência e a autoconsciência, processando a crítica e a autocrítica para a construção de bases que interfere positivamente no coletivo, fortalecendo os laços da condição política e social no processo de desenvolvimento de todas as exigências necessárias para o bem estar que aglomera nosso âmbito social.

Entre a razão e a emoção das decisões individuais e coletivas que poderemos tomar existirá sempre o outro dentro do equilíbrio racional e emocional, pois seremos eternamente responsáveis e responsabilizados pelos nossos atos. E se por acaso nossas decisões interferirem no todo, é o momento de refletirmos dialeticamente para a formação de novas idéias e projetos sem perder a perspectiva, não freando o rumo da luta revolucionaria que projeta um novo ser coletivo, explorando a essência fenomenológica.

O labor nas condições pós-modernistas está se agravando patologicamente, pois o ser humano é bombardeado em suas condições físicas e psicológicas, o que o torna um ser debilitado e entregue às luxúrias do capital. Essa condição atual amplia a plenitude individualista, perversa e mesquinha e marginal do capital e concomitantemente vai destruindo ecologicamente tudo que existe de vida no mundo animal e vegetal, tornando-se progressivamente mais doente e que traz como conseqüência o retrocesso de sua condição perversa para a humanidade, tornando-se dessa forma destruidor do próprio homem.

Nossa greve ou nossa luta não é meramente uma luta da greve pela greve, é muito mais. É uma batalha que nos obriga a paralisar nossas atividades em busca da distribuição de rendas produzidas por nós mesmos, por melhores condições de trabalho, se precavendo das doenças ocupacionais e psicológicas que afetam o trabalhador fragilizado pelo assédio moral no âmago do seu ser, do seu caráter, da sua personalidade, que são distorcidas pela metas abusivas, impossíveis para a condição humana satisfazer a fome do capital.

Sem luta não podemos enfrentar as condições físicas e psicológicas do sistema capitalista decadente, e não podemos sofrer os reflexos na exposição do nosso ego também ávido e fixado no ter, desvinculando-se da grande tarefa de construirmos o mundo do ser para não sofrermos das mesmas patologias do capitalismo, pois ele é contagiante e conseqüentemente nos conduzirá para o mundo pragmático, destruindo a essência própria do ser, do seu lado contemplativo, do ócio da natureza humana para realização dos seus desejos.

Parafraseando Karl Marx, que preconiza sobre o mundo do trabalho dizendo que “não existe revolução sem sacrifícios”, concorda-se que sem sacrifícios não construiremos a base para a não exploração pelos titãs do sistema financeiro no afã do lucro que aliena, fetichista, que prostitui toda a sociedade presa à sua ideologia individualista, concentradora e consumista, afastando-se da política que nos interessa para sermos livres de todos os marketings ideológicos da destruição. E para conquistar essa liberdade, é preciso quebrar os grilhões que nos prende na ambição do individualismo capitalista.

Nessa luta camarada, não podemos arrefecer para não sermos soterrados pelos nossos exploradores, os algozes da sociedade. O que está em jogo não é simplesmente o economicismo, mas o preço da luta, da união em defesa da nossa dignidade para a construção dos filhos da pátria com educação, saúde, habitação, uma vida plena de felicidade voltada para a filosofia, para o esplendor da vida, do ser, da abstração para o todo.

Dentro dessa luta temos as teses da negação da negação, ou as ideologias defendidas pela burguesia, planejada e organizada para a exploração dos trabalhadores. Temos também a “antítese” dos trabalhadores conscientes, combatendo a exploração e a miséria crescente do capitalismo voltado para a concentração dos lucros, construindo a “síntese” que nos leva para a luta de classes objetivando um mundo equitativo, sem explorados nem explorador. Tudo vai depender da nossa força, da nossa união e organização, da nossa consciência de classe, da nossa disposição para sacrificar alguns anéis e não perdermos os dedos para não ficarmos no achismo, entregues ao engodo de comemorar a vida do nada e para o nada.

Vamos fortalecer nossa luta camaradas!


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