sexta-feira, 28 de maio de 2010
Considerações sobre o Meio Ambiente, Porto Sul e Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Ilhéus
*Por Jorge Barbosa de Jesus
Hoje é 27 de maio dia nacional na Mata Atlântica, momento de refletirmos sobre o presente e o futuro da floresta que reúne 15% de todas as formas de vida animal e vegetal do mundo, 75% das espécies vegetais brasileira, mais de 650 tipos de aves identificadas até hoje, sem falar em 171 gêneros de animais ameaçados de extinção. Contudo, apesar de tanta riqueza restam hoje apenas, cerca de 7%, e mesmo assim, sob cerco e sofrendo contínua devastação.
Como se fosse pouco, aqui no Sul da Bahia pretende-se destruir 1.771 hectares da Mata Atlântica, inclusive dentro da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada, para a implantação do Complexo Intermodal Porto Sul (Terminal Ferroviário, Porto, Retroporto e Aeroporto). Além disso, a ZPE – Zona de Processamento de Exportação de Ilhéus, que ficará localizada a 19 km daquela cidade na rodovia Ilhéus/Itabuna, irá também consumir centenas de hectares da Mata para sua instalação, esses são os maiores presentes que pretendemos ofertar aos remanescentes de Mata Atlântica no Sul da Bahia.
Além do desmatamento causado pelo Complexo, outros impactos se darão em cadeia, como: o “inchaço” (favelização total) da periferia das cidades mais próximas: Ilhéus, Itabuna, Uruçuca e Itacaré e suas conseqüências ambientais e sociais (esgotos a céu aberto, lixões, exclusão social, etc.), poluição do ar, do mar e do lençol freático, dentre outros.
A justificativa é a mesma de sempre: “o desenvolvimento econômico e a geração de empregos”, é bom ter em mente que nem sempre o crescimento da economia gera desenvolvimento humano e qualidade de vida, um exemplo é o município de Macaé no Estado do Rio de Janeiro, onde apesar dos royalities pagos pela indústria petrolífera, metade da cidade é constituída de favelas.
Apesar dos desastres anunciados, as ameaças de extinção dos remanescestes de mata atlântica em nossa região são diversas: avanços das plantações de eucalipto, ampliação das pastagens e dos cafezais, destruição dos manguezais e das matas ciliares.
A minha argumentação é simples e objetiva, devemos preservar o que ainda resta, se novos projetos são necessários, que sejam implantados em áreas já urbanizadas, ou completamente degradadas. Crimes ambientais foram cometidos no passado, no Brasil e no mundo, mas não podem servir de desculpas para a perpetração de novos holocaustos ao meio ambiente.
Devemos sim, assumir o compromisso responsável de ser racional, garantindo a sobrevivência de todas as formas de vida do planeta.
Algumas modestas considerações para o desenvolvimento sustentado: preservação ambiental, recuperação de áreas degradadas (matas ciliares), reciclagem e tratamento do lixo, educação ambiental, consumo consciente e necessário, aumento do tempo de uso dos bens de consumo duráveis, despoluição dos rios e mares (tratamento dos esgotos), desenvolvimento econômico com base no aumento da produtividade, busca de matrizes energéticas limpas, investimentos em eficientes meios de transportes, fiscalização das leis ambientais, punição severa aos criminosos ambientais e planejamento familiar.
Meu objetivo é apenas dizer que não concordo com os crimes que em breve pretendem praticar e muito menos estou a serviço de interesses empresariais de qualquer espécie, mas sim a favor da vida.
*Jorge Barbosa é bacharel em Direito pela Fespi e bancário da Caixa Econômica Federal
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