Que a educação é principal, senão a única, ferramenta para a inclusão social e a cidadania, não há nenhuma dúvida.
As nações mais desenvolvidas do planeta, algumas delas envolvidas em guerras devastadoras há pouco mais de meio século, atingiram esse estágio graças a investimentos maciços na universalização e na qualidade do ensino.
No Brasil, o eterno país do futuro que parece não chegar nunca, o ensino público é, salvo as raras e honrosas exceções, deficiente.
Fruto das desigualdades típicas de um país com ilhotas de riqueza de nível europeu e norte-americano e bolsões de miséria similares aos países paupérrimos da África, o Brasil possuiu colégios de excelência no rico Sul/Sudeste e escolas onde faltam até lápis e cadernos e os professores são obrigados a dar aulas para várias séries ao mesmo tempo.
Nesse sistema educacional que nem sempre educa, o analfabetismo é certamente o pior e mais danoso dos subprodutos.
São milhões de pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos que não sabem ler ou escrever, ou são os chamados analfabetos funcionais, que freqüentaram a escola, não foram sequer alfabetizados de forma satisfatória.
A boa noticia é que existem iniciativas governamentais efetivas que estão contribuindo para combater o analfabetismo.
Na Bahia, o programa Todos pela Alfabetização, que atende pelo sugestivo nome de TOPA, tem como meta fazer com que cerca de dois milhões de baianos aprendam a ler e escrever, contribuindo para que o estado deixe de ostentar os maiores índices de analfabetismo do Brasil.
Para simbolizar a real dimensão do TOPA, nada melhor do que a história da aposentada Enedina Pereira da Silva, que está completando 100 anos de vida e é uma das alunas do programa de alfabetização em Ilhéus, no Sul da Bahia.
Rompendo a barreira de um século existência, uma vida sofrida, mas digna, dona Enedina está deixando de integrar a vergonhosa estatística do analfabetismo, para entrar no grupo de cidadãos que sabem ler e escrever.
Na sua fase outonal, ela descortina as portas de um novo mundo: o mundo da leitura, do saber, da educação.
O exemplo de dona Enedina irradiou-se para a família. Seguindo o exemplo da mãe, o filho Lourival Rodrigues, de 61 anos, também está participando do TOPA.
Mãe e filho freqüentam a mesma sala de aula e compartilham as descobertas que só a alfabetização proporciona.
Juntos, percorrem o caminho do conhecimento, cujo primeiro passo é justamente saber ler e escrever.
Em seus 100 anos de vida, dona Enedina oferece o exemplo de que nunca é tarde para aprender a ler e escrever.
Dona Enedina faz aniversário nesta quarta-feira, dia 30 de setembro. Talvez não saiba, mas sua perseverança e força de vontade são verdadeiros presentes para quem acredita na Educação.
Aos 100 anos, ela escreve com suas letras ainda tímidas e inseguras, uma história capaz de mudar para melhor os destinos de um estado e de um país.
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