terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Mea Culpa de Bush


George W.Bush



Por Antônio Tozzi

Enquanto Barack Obama prepara-se para se tornar o 44º presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush concede suas últimas entrevistas como principal mandatário da principal potência do planeta.

Desnecessário lembrar que Bush deixa a Casa Branca com o mais baixo índice de aprovação concedido a um presidente americano durante seu mandato. Nem sempre foi assim. Após os ataque de 11 de setembro de 2001, ele teve seu prestígio elevado às alturas e, em 2004, conseguiu reeleger-se.

Agora, com o moral baixo, poucos figuram entre os apoiadores de Bush. Ele, no entanto, garante estar sendo injustiçado em muitas questões e afirma que a História julgará seus mandatos.

Alguns pontos, porém, ele destaca como erros dos quais se arrepende – muitos, assegura, por falta de conhecimento da real situação. Bush recrimina a tortura praticada por alguns soldados americanos na prisão de Abu Ghabi, e critica os relatórios que apontavam a existência de armas de destruição em massa no Iraque governado por Saddam Hussein. Fato que posteriormente revelou-se improcedente.

Mais do que tudo, no entanto, ele lamenta não ter usado seu capital político em favor dos imigrantes indocumentados e conseguido implementar a reforma imigratória justa e abrangente tão reclamada pelos grupos e organizações que defendem os imigrantes.

No ocaso de seu governo, este tipo de declaração pode soar demagógica, e até mesmo mentirosa. Em chats onde imigrantes podem manifestar-se deu para sentir a amargura de muitos deles com a falta de ação de Bush e, pior ainda, com o forte aperto nas leis imigratórias e nas batidas contra imigrantes, que provocaram a deportação de muita gente –algumas vezes, separando famílias.

É difícil saber se ele está mentindo ou falando a verdade, todavia, não dá para deixar de reconhecer que, desde o momento em que assumiu o governo, Bush vem demonstrando boa vontade para com os imigrantes e manifestando seu apoio a uma reforma imigratória justa e abrangente.

Para começar, sua primeira visita internacional como presidente dos EUA foi para o México, onde se encontrou com Vicente Fox, então presidente mexicano. Na época, os dois mandatários traçaram planos comuns para as duas nações vizinhas. No dia 9 de setembro de 2001, eles voltaram a se encontrar, quando discutiram a possibilidade de algum tipo de benefício aos imigrantes. Vale lembrar que os mexicanos compõem mais de 80% do total dos imigrantes indocumentados nos Estados Unidos.

O plano foi interrompido pelos brutais ataques de 11 de setembro, que ironicamente atingiu em cheio os pobres dos imigrantes. As autoridades descobriram que era muito fácil conseguir documentos no país e passaram a restringir muitas coisas, além de a população voltar sua ira para os estrangeiros, algo que nunca havia antes despertado preocupação entre os americanos.

A verdade é que os dois mandatos de Bush chegaram ao fim sem uma solução para os imigrantes indocumentados – algo que, espera-se, seja resolvido no governo Obama. A Bush restou advertir os republicanos, sobretudo os mais recalcitrantes, que chegou o momento de o partido rever alguns conceitos, sob risco de não conseguir mais retornar ao poder.

E abrir as portas para os imigrantes é, sem dúvida, o principal ponto, porque a população latina votou em massa em Barack Obama pelo fato dele ser democrata e não por ser contra John McCain, que goza do apreço de boa parte dos latinos.

Bush garante não ter assinado uma lei pró-imigrante porque nunca chegou à sua mesa um projeto de lei neste sentido. Cabe a Obama e sobretudo ao Congresso costurar um acordo para encerrar este martírio de milhões de pessoas no país.

Janet Napolitano, a nova chefe do Departamento de Segurança Interna, promete jogar duro contra os infratores. Pois bem, que sejam fortalecidas as fronteiras para evitar a ação de coiotes e traficantes de drogas que tanto atormentam as populações de EUA e México.

Mas todos clamam também para que chegue logo um projeto de lei que quebre os grilhões que acorrentam mais de 12 milhões de pessoas no país.

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