Pólo de Informática registra queda de 50% nas vendas

Gentil Filho, Presidente do Sinec

As indústrias componentes do Pólo de Informática de Ilhéus registraram queda de aproximadamente 50% nas vendas do último trimestre do ano. A estimativa é do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores e Informática de Ilhéus e Itabuna (Sinec).

O desempenho negativo tem relação direta com a crise internacional. A apreciação cambial (alta do dólar) fez com que os insumos importados pelo setor ficassem mais caros. Por outro lado, as empresas têm maiores dificuldades na contratação de crédito e financiamento.

O presidente do Sinec, Gentil Pires Filho, observa que a situação é preocupante. Apenas para se ter uma idéia, todos os anos, no último trimestre, são contratados, em média, mil trabalhadores temporários no Pólo de Informática de Ilhéus. Este ano, as contratações temporárias foram reduzidas a zero.

Para manter a saúde contábil das 60 empresas componentes do pólo, 380 de um total de dois mil funcionários foram demitidos. Pires não cita nomes de empresas, mas observa que pelo menos cinco fabricantes de equipamentos de informática radicados em Ilhéus anteciparam férias coletivas aos funcionários. A medida tem como objetivo reduzir estoques.

A fim de conter a avalanche que se abate sobre o setor, o governo do Estado, por meio da Agência de Fomento da Bahia (Desenbahia), fez ajustes na linha emergencial de crédito – lançada para abrandar os efeitos locais da crise mundial – para atender às perspectivas da indústria de informática.

Na segunda-feira, 22, no Diário Oficial do Estado, foram divulgados novos critérios para financiamentos da Desenbahia ao setor. As inovações compreendem o aumento do prazo de carência de três para oito meses, além da ampliação dos prazos de pagamento de 18 para 24 meses. Gentil Filho, do Sinec, observa que as medidas são tímidas e não atendem à demanda da indústria local, especialmente as de maior porte.

De acordo com a Desenbahia, o governo tem em caixa cerca de R$ 30 milhões para financiar o setor, provenientes do Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico (Fundese).

“Há empresas que chegam a importar R$ 200 milhões ao ano”, informa Gentil Filho. “Os juros também não ajudam; 1,8% ao mês (taxa cobrada pela Desenbahia) podem ser encontrados no mercado”, argumenta o representante sindical.

Em contraposição, o presidente da Desenbahia, Luiz Alberto Petitinga, afirma que a iniciativa do governo tem como alvos principais as micro e pequenas empresas.

Varejo – A gerente comercial da Preview, Heloísa Pedretti, avalia que a crise chegou ao consumidor de varejo, na forma de maiores dificuldades para acesso ao crédito. “As financeiras estão mais exigentes”, observa. A empresa atua na fabricação de peças e partes, além da montagem e venda de computadores. Há 40 dias, a Preview fechou uma das suas lojas em Salvador, localizada no Itaigara. Pelo menos 15 pessoas foram demitidas entre as operações na capital baiana e Ilhéus.

Heloísa reconhece a gravidade do momento, mas argumenta que a decisão de fechar a loja do Itaigara estava prevista no plano estratégico da empresa, mas teve de ser antecipada em seis meses, por conta da conjuntura. Ela ainda observa que as vendas do último trimestre do ano caíram cerca de 40% ante igual período do ano passado.

Em contraposição ao cenário de crise, o consórcio Brits enfrenta o período com perspectivas positivas. O grupo fornece soluções para o setor de call center, que deve se ajustar às novas normas para o ramo, como o período máximo de espera de um minuto, até falar com atendente, caso o consumidor escolha a opção.

De acordo com a diretora administrativa e financeira do consórcio, Zaíra Vasconcelos, a perspectiva é que o consórcio ganhe força no mercado internacional, por conta do novo patamar de cotação do câmbio.


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Foto by Anabel Cavalcante

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