Duas décadas depois de a ciência conseguir cultivar, com sucesso, células-tronco embrionárias em laboratório, uma companhia de biotecnologia anunciou, na segunda-feira (11), a primeira experiência terapêutica com esse tipo de estrutura em um paciente humano. Cercado de sigilo, o teste da Geron Corporation, será realizado em uma pessoa com lesão na medula espinhal.
Esse tipo de lesão é causado por um traumatismo que resulta na perda de diversas funções locomotoras e sensitivas. A empresa americana foi a primeira a receber, no país, autorização governamental para manipular as controversas células embrionárias com tais fins.
A Geron não forneceu informações sobre o paciente — idade, sexo, gravidade da lesão —, mas afirmou, em comunicado à imprensa, que ele estava cadastrado no Shepherd Center, um hospital com centro de pesquisas clínicas de reabilitação em Atlanta, na Geórgia. Também foi informado que as células-tronco embrionárias utilizadas na pesquisa provêm de uma clínica de tratamentos para infertilidade, cujos embriões não implantados foram doados à ciência.
Como têm capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula, as estruturas embrionárias serão manipuladas para darem origens a células nervosas. Teoricamente, elas poderiam se deslocar até o local da lesão e ajudar os nervos a se regenerar.
Ainda não se trata, porém, de uma pesquisa com o objetivo de cura ou tratamento da lesão. Na fase 1, o estudo vai verificar o nível de segurança das estruturas obtidas por meio das células-tronco embrionárias quando injetadas no organismo do paciente. “A função primária dessa fase é assegurar a tolerância nos pacientes com lesões espinhais”, diz o comunicado.
Obama
O governo dos Estados Unidos está atualmente envolvido em uma disputa legal em torno das células-tronco. Semanas depois de tomar posse, em 2009, o presidente Barack Obama emitiu uma ordem executiva reduzindo as restrições ao financiamento federal das pesquisas com células-tronco embriônicas humanas.
Os adversários do uso das células-tronco dizem que é errado utilizar um embrião humano para produzir as células – e dois pesquisadores processaram os Institutos Nacionais de Saúde. Mas uma corte federal de apelações decidiu continuar a autorizar o financiamento federal dos estudos até que a ação seja julgada.
A servidora pública Gabriela Costa, 35 anos, é portadora de distrofia muscular e afirma que, mesmo que a pesquisa ainda esteja no início, trata-se de um grande avanço. “A FDA (agência americana similar à Anvisa brasileira) já havia reprovado estudos desse laboratório. Então, o fato de uma agência tão rigorosa ter aprovado agora, depois que as exigências foram adequadas ao exigido, indica que é um procedimento seguro”, acredita.
Gabriela lembra que é preciso cautela, pois a pesquisa pode não dar certo e frustrar quem deposita as esperanças no teste. Ela conta, porém, que os pacientes estão “com os olhos voltados” ao experimento da Geron.
Informações do Portal Vermelho
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